Abstract
O silêncio sempre foi um tema que provocou muita discussão na história da clínicapsicanalítica, de modo que muitos analistas tinham dificuldade em lidar com ele no settingterapêutico. Considerando as várias possibilidades com as quais psicanalistas manejam osilêncio no setting, notamos que Donald Winnicott e Wilhelm Reich trazem importantescontribuições para essa questão. O objetivo deste artigo é, portanto, o de apresentar osposicionamentos deles acerca do silêncio na clínica psicanalítica e estabelecer um breve diálogoentre eles, descrevendo possíveis diferenças e semelhanças. Nossa escolha por esse diálogo sejustifica pelo fato de que, apesar de suas diferenças técnicas e metodológicas, ambos os autorespossuem um dos objetivos terapêuticos em comum: a espontaneidade. Embora estejamostratando de tendências, concluímos que, em Reich, o silêncio do paciente é visto,predominantemente, como resistência, enquanto em Winnicott o silêncio também pode serentendido como hesitação e como uma conquista tida pelo paciente no processo terapêutico.