Abstract
Razões para odiar o ideário moderno. Esse talvez seja o mote central que mobiliza a escrita de Pedro Rocha de Oliveira já apresentado nas primeiras páginas de seu novo livro: Discurso filosófico da acumulação primitiva: estudo sobre as origens do pensamento moderno. Acompanhando os passos de alguns autores na alvorada da modernidade inglesa, pouco a pouco o autor vai desrecalcando o sentido histórico-social de um certo “nós” cuidadosamente fabricado por essa classe – também conhecida como intelligentsia – e que estivera organicamente empenhada na acumulação primitiva do capital. Com um linguajar ácido e um humor desconcertante, procura estimular a imaginação dos leitores e leitoras a libertarem-se de quaisquer resquícios de simpatia à ideologia do progresso que insiste em atravessar a contemporaneidade. As preocupações que ocupam o pensamento do autor, embora estejam em continuidade com seus estudos anteriores, parecem ganhar uma nova forma, exigida pela própria matéria que se atém. Ao expor alguns dos principais argumentos que norteiam os ensaios deste livro, tentarei trazer à tona experiências históricas brasileiras que parecem materializar o sentido que àquela matéria sugere.