Abstract
O propósito deste artigo é trazer à luz os pressupostos românticos que animam o livro de Hannah Arendt de título Eichmann em Jerusalém. De maneira a fazê-lo, explorarei na parte II a concepção romântico-alemã de “cultura” enquanto formação subjetiva da alma ; após isso, abordarei na parte III determinadas teses de cunho romântico articuladas por diferentes pensadores do século XIX relativas ao processo de massificação e, no seu entender, ao esvaziamento dos indivíduos na modernidade; por fim, na parte IV, a sutil reelaboração arendtiana de várias dessas teses. Argumentarei, portanto, que o conceito romântico de “cultura” opera como premissa central na interpretação que Arendt fez do criminoso nazista Otto Adolf Eichmann. Eichmann, em suma, teria cometido os crimes que cometeu por não ter sido formado, cultivado, como um verdadeiro ser humano.