Abstract

L'utilitarisme est devenu une référence majeure, voire même dominante, non seulement en philosophie morale, mats en bien d'autres domaines. Comment expliquer l'influence d'une philosophie dont on peut constater sans peine la fragilité des bases, les contradictions de ses principes fondamentaux, voire même la multiplication de ses réinterprétations qui vont dans des sens très différents les unes des autres? On postule id que l'utilitarisme épouse certaines idées de sociétés pluralistes et démocratiques, récusant toute référence à un bien substantiel, visant la tolérance pour toutes les opinions et cherchant à att enuer la souffrance au profit de la recherche du plus grand bonheur pour le plus grand nombre. Mais le paradoxe est que cette philosophie fortement individualiste aboutit en certains cas à une relativisation de l'individu par rapport à la demande sociale ou à la technocratie dominante. Contradiction qui ne mine pas ses principes mais qui montre tout de même les dangers qu'ils recèlent. Ainsi le relativisme qui fait corps avec l'utilitarisme peut se révéler plus dogmatique qu'on pense. /// O utilitarismo tornou-se uma referência maior, e até mesmo dominante, não somente no âmbito da filosofia moral, mas também noutros domínios. Senão, como explicar a influência de uma filosofia de que se pode facilmente constatar a fragilidade das suas bases, as contradiçõs dos seus princípios fundamentais, e que apresenta uma multiplicidade de interpretações acerca de si mesma, as quais frequentemente vão em sentidos muito diferentes uns dos outros? O presente artigo postula que o utilitarismo assume certas ideias das sociedades pluralistas e democráticas, recusando toda a referência a um bem substancial, visando a tolerância de todas as opiniõs e procurando atenuar o sofrimento em proveito da procura da maior felicidade para o maior número possível. Mas o paradoxo está em que esta filosofia fortemente individualista termina em certos casos numa relativizaçã do indivíduo em relaçã à procura social ou à tecnocracia dominante. Esta contradiçã não arruina os seus princípios, mas mostra os perigos que eles encerram. Desta forma, diz o autor do artigo, o relativismo que se associa com o utilitarismo pode revelar-se mais dogmático do que muitas vezes se pensa.