Abstract
'Por um mundo comum' é um ensaio ao mesmo tempo convidativo e provocativo. À luz da intertextualidade, onde imagem e discurso cooperam heuristicamente, Jean Wyllys promove uma conversa entre seus recentes desenhos e montagens e suas reflexões sobre a política. A noção de mundo comum, ou de comum, aparece em sua reflexão como a invenção central da política, ao retomar, por exemplo, o pensamento de Arendt e sua noção de inter homines esse [estar entre os humanos] como um trabalho de constante fundação do lugar/coisa pública. Suas pesquisas recentes sobre as fake news, mobilizadas nos últimos anos sobretudo por uma guinada radical à direita do status quo conservador e neoliberal e que atacam perversamente políticos da esquerda brasileira, procuram sugerir de que modo essa nova estratégia de construção ideológica auxiliada pela tecnologia operam, ao nível humano, uma descaracterização da própria capacidade de distinção e pensamento – algo que reserva, nesse sentido, também relações com a noção arendtiana de banalidade do mal.