Abstract
O presente artigo retoma uma discussão apresentada por Marilena Chaui, em _Um anacronismo interessante_, para refletirmos sobre a herança cartesiana e sua apropriação, sobretudo, pelo idealismo alemão, a exemplo de Kant e Hegel. Nossa hipótese é a de que existe uma leitura equívoca de Descartes a qual o estabelece como o precursor do conceito de _sujeito_ como _subjetividade_, que surgiria desde então como condição de possibilidade para o fazer da filosofia ou para sua interpretação. Essa chave de leitura permite então realizarmos a discussão daquilo que Alquié, em_ Descartes et l’ontologie négative_ e em _A filosofia de Descartes_, propõe sobre o estatuto das ideias cartesianas na contemporaneidade. Dessa forma, concluímos ser necessário renovar sempre o convite à entrada no universo conceitual e argumentativo de uma filosofia. Além disso, defendemos a hipótese de que a modernidade não é um projeto único, mas sim em aberto.