Abstract
Trata-se de retrabalhar uma perspectiva teórica sobre a moral interpessoal e a justiça social de forma a descrever a natureza da autentícidade pessoal. Tal perspectiva concebe esses valores como uma dialética de diferentes vozes, tanto internas como extemas. Visto que ninguém pode prever quem está “certo” num discurso qualquer dado em meio a essas vozes, a moral lida fundamentalmente com o modo como nós/as diferentes vozes tratam-se mutuamente ao buscar e alcançar um acordo; a moral não trata do conteúdo efetivo desses acordos. Esta perspectiva baseia-se num entendimento dessas vozes como sendo fundamentalmente cooperativas, mesmo quando em desacordo, e provê razões para tal convicção. Rompendo, portanto, com a tradição liberal, esta perspectiva vê a separação entre as vozes, e não a sua cooperação, como o fenômeno que precisa ser tematizado. O artigo conclui mostrando as implicações práticas deste entendimento para tratar do problema da violência, tanto oficial quanto criminal.