Abstract
Neste trabalho, apresentamos uma análise crítica sobre o conceito de autohistória, elaborado pela escritora Glória Anzaldúa, considerando-o como um elemento representativo da história de vida da escritora, que transcende os limites da biografia, tornando-se uma representação da história de seu próprio povo. Investigamos como esse conceito promove diálogo e aproximações com a prática artística de Rosana Paulino e sua obra “Parede da memória”. Estudamos, ainda, como a produção artística, a partir de histórias pessoais, configura um terreno fértil para analisar tensões entre o sujeito e as estruturas de poder inerentes à colonialidade e como existe um potencial para desestabilizar o campo da arte contemporânea na América Latina. Propomos, assim, uma reavaliação crítica a partir da encruzilhada, da trajetória artística de ambas as artistas, e do feminismo decolonial, com o intuito de examinar a seguinte problemática: de que forma essas duas figuras se apropriam das linguagens artísticas e/ou do conceito de autohistória, como instrumentos decoloniais, no contexto da produção artística na América Latina?