Abstract
As igrejas e indivíduos de tendência pentecostal que hoje ocupam o poder no governo brasileiro pensam e agem a partir de uma teologia política teocrática. Essa perspectiva pré-moderna superada pelas filosofias políticas antropocêntricas persiste como visão que se traduz em discursos, em atitudes e em políticas públicas. Trata-se da busca de um fundamento religioso capaz de superar a crise pela qual estariam passando o Estado e a sociedade brasileira. A afirmação de que Deus está no comando da política por meio de representantes eleitos pelo povo faz confluir o exercício democrático do poder com fundamentos teocráticos. A ascensão dos pentecostais ao poder nacional vem de algumas décadas e revelou sua presença na formação das “bancadas evangélicas”. O Estado laico institucionalmente estabelecido tem suportado gestões religiosas que se apresentam como legítimas e como urgentes para a salvação da nação do grande inimigo: as esquerdas. Projeto ultraliberal e exercício autoritário do poder têm sido a tradução política concreta do poder de Deus em ação no governo atual.