Neste artigo, discute-se algumas das contribuições de Hannah Arendt para a reflexão acerca do fenômeno da desobediência civil. Inicialmente, interroga-se em que medida a contestação civil pode ser identificada com a objeção de consciência. Discutir essa questão permite compreender o desenvolvimento da argumentação de Arendt que visa ressaltar o sentido político dos atos de desobediência civil em oposição à caracterização negativa deste fenômeno, defendida por juristas, na tentativa de incluir pelo direito ações extralegais de contestação. Com efeito, essa leitura jurídica, (...) que se baseia na ideia de que a contestação tem por fundamento a moralidade de consciência, negligencia determinados aspectos que são fundamentais para a compreensão da desobediência civil segundo a perspectiva de Arendt, sobretudo seu caráter público, o compartilhamento de um interesse ativo no mundo e, por fim, a não-violência. Em um segundo momento, explicita-se a influência da tradição filosófica na maneira típica de se compreender a desobediência civil, sendo Sócrates e Henry Thoreau elencados por Arendt como seus interlocutores neste debate. Com esse percurso argumentativo, pretende-se mostrar alguns potencias do ensaio de Arendt que contribuem para reatualizar a discussão sobre o papel político central do ato de divergir publicamente. (shrink)

Um bate-papo entre três pensadores pop sobre um assunto que interessa a todo mundo: como ser feliz O livro é resultado do debate entre Cortella, Karnal e Pondé em comemoração aos 15 anos da Editora Planeta no Brasil, realizado em maio de 2018. Durante uma hora e meia, os três discutiram o que é felicidade, o que ela significa, que caminhos podem nos levar a sermos pessoas mais felizes. Como sempre fazem, citaram outros filósofos e pensadores, deram exemplos pessoais e (...) terminaram mostrando que ser feliz é possível – não o tempo todo, mas é possível para todos. (shrink)

Qual o sentido da vida? Por que aqui estamos? Será destino? Será escolha? Neste livro, Mario Sergio Cortella e Leandro Karnal, dois dos maiores pensadores contemporâneos no Brasil, se encontram para refletir sobre essas questões que há séculos fascinam e intrigam a humanidade. A ciência, a filosofia, a religião e a arte têm oferecido algumas possibilidades de resposta que os autores discutem aqui. Afinal, pode ser aterrador imaginar que não há um destino, algo que explique a nossa existência. Por outro (...) lado, a ausência de sentido nos deixa livres para ser e viver conforme desejarmos - embora isso implique também responsabilidade. Mas somos mesmo livres? Seja escolha ou destino, seja a vida um drama que vamos tecendo ou uma tragédia anunciada, fato é que estamos sempre a procurar algum propósito que torne a existência mais significativa. Mas o que explica que algumas pessoas tenham mais sucesso do que outras no que fazem? Seria dom, vocação ou resultado de um esforço? Como os autores apontam, talvez a vida seja menos inspiração e mais transpiração. (shrink)

Este livro apresenta um debate sobre os rumos da política na sociedade. São abordados temas como a participação na vida pública, o embate entre liberdade pessoal e bem comum, os vieses de escolhas e constrangimentos, o descaso dos mais jovens em relação à democracia, a importância da ecocidadania. Além dessas questões, são apontadas ações indispensáveis como o trabalho com política na escola, o papel da educação nesse campo, como desenvolver habilidades de solução de conflitos e de construção de consensos.

O artigo apresenta uma reflexão sobre a guerra a partir de Carl Schmitt e Hannah Arendt. Para tanto, realiza-se um recorte na obra de cada autor. De Carl Schmitt, discute-se o livro O conceito do político (2009) que contém ainda A teoria do Partisan. De Hannah Arendt, restringe-se a Sobre a violência (2001), A promessa da política (2020), e alguns ensaios contidos em Entre o passado e o futuro (2009). Neste sentido, Carl Schmitt permite discutir o papel da inimizade para (...) a decisão acerca da guerra e como essa situação-limite, ao mesmo tempo, constitui e afeta a dimensão do político. Já Hannah Arendt permite delinear certos traços constitutivos das guerras modernas que escapam à preocupação central Schmittiana, sobretudo o perigo intrínseco da inimizade produzir não a intensificação do político, mas a eliminação da vida humana sobre à Terra. Trata-se, enfim, de pensar o efeito do avanço tecnológico no campo dos assuntos humanos e como essa tópica transforma o estatuto da guerra. (shrink)

Este artigo procura apresentar algumas considerações acerca do entrecruzamento do pensamento político de Hannah Arendt e a questão ambiental. Para tanto, o seguinte questionamento servirá de guia para a reflexão aqui pretendida: se o âmbito natural é perturbado pelas ações humanas, é razoável a crença de que a própria ação humana possa ser capaz de frear o atual cenário de catástrofe? Assim sendo, assume-se, aqui, como procedimento metodológico uma análise bibliográfica que recorre ao livro A condição humana (The human condition, (...) 1958 [2010]) e alguns ensaios da coletânea Entre o passado e o futuro (Between Past and Future, 1961 [2009]). De modo geral, busca-se desenvolver o argumento de que embora não se possa enquadrar Hannah Arendt no rol das “historiadoras das ciências”, tampouco uma “pensadora da ecologia”, é certo que ela nunca deixou de se interessar e comentar os eventos científicos de seu tempo, bem como de se preocupar com as consequências das ações humanas. Logo, os assuntos relacionados aos avanços tecnológicos e científicos constituem assuntos de primeira grandeza e importância tanto para o mundo quanto para a política. Em suma, pretende-se sustentar a hipótese de que para Hannah Arendt, a imagem adotada da natureza – ao menos desde a época moderna –, e as ações humanas cometidas a partir desta compreensão, afetam diretamente nossa existência política. (shrink)

Os vícios e as virtudes, os princípios e as práticas, a docência e a essência, as lições e as ações fazem deste livro a 'fina flor' após quarenta anos de prática educacional do autor. Tal como um testamento o autor mostra no que acredita, seu modelo de mestre e de escola e alinhava o futuro da instituição educacional. E acima de tudo fala de gente, do cotidiano profissional, da dor e da alegria de fazer e pensar educação.

(1999). Information self‐organization and consciousness—towards a holoinformational theory of consciousness. World Futures: Vol. 53, No. 4, pp. 309-327.

Nossos estudos estão voltados à discussão de problemas gerados na práxis pedagógica do Ensinar. Toda análise que envolve o ensino, seja ele em qualquer nível, não pode desmerecer, antes de tudo, uma acurada atenção aos problemas peculiares referentes a essa atividade. Nossas reflexões encontram-se apoiadas nos desafios e estratégias presentes em Heidegger e Deleuze, naquilo que parece ser para ambos o desafio maior de suas filosofias: _ “o que significa pensar?'' _ e suas considerações aplicadas à dimensão educacional.

As religiões de matriz africana no Brasil possuem um rico e complexo sistema de crenças, ritos e mitos que caracterizam a sua experiência religiosa. Este trabalho limita-se a estudar alguns temas religiosos do Candomblé de raiz nagô. A ideia de criação funda-se na concepção de um duplo cosmos, organizado em dois planos: o universo físico (aiyê) e o seu duplo espiritual (órum). Deus (Olorum), concebido como ser supremo e criador de todos os outros seres, estabelece relação com os seres humanos (...) pela mediação dos ancestrais coletivos (Orixás) e familiares (Egúns). Não há uma separação nítida entre os Orixás, enquanto divindades relacionadas às forças da natureza, e os ancestrais fundadores do povo. A partir dessas concepções, destaca-se o Axé como o elemento mais importante dessa tradição, perpassando todo o seu drama religioso na busca de uma experiência na participação na força vital (Deus), envolvendo a vida dos adeptos e as suas relações sociais na comunidade do terreiro de Candomblé. Palavras chave: Espiritualidade nagô. Religiosidade afro-brasileira. Axé.The religions of African origin in Brazil have a rich and complex system of beliefs, rites and myths, which characterizes their religious experience. This work aims to study some of the religious themes' Candomblé Nago. The idea of ​​creation is based on the design of a dual cosmos, organized in two levels: the physical universe (Aiye) and its spiritual double (Orum). God (Olorun), conceived as the supreme being and creator of all other beings, establishes relationship with humans through the mediation of collective ancestors (Orishas) and their families (EGUNS). There is no clear separation between the Orishas as deities related to the forces of nature, and the founding ancestors of the people. Based on these concepts, the Axe is highlighted as the most important element of this tradition, passing all his religious drama in search of an experience of participation in the life force (God), involving the lives of followers and their social relations within the community of Candomblé titled Terreiro. Key-words: Nago spirituality. Afro-Brazilian religiosity. Axé. (shrink)

A reconstruction of the discussion on issues of economic ethics in the Talmud, in Islamic religious, juridical and philosophical literalture, in Medieval literature, and in Reformed casuistry.

The present paper focuses on the antecedents of solidarity behavior towards Ukrainian refugees, specifically examining the role of subjective uncertainty generated in public opinion by the aggression of Ukraine on feelings of compassion and perceptions of refugees as a threat. Based on pooled data from six representative samples collected in different waves during the first six months of the Russian army’s invasion of Ukraine among a representative sample of adult Italian citizens (N = 6,063), the study provided support for the (...) intensification hypothesis, suggesting that uncertainty can act as an affective amplifier. Indeed, the results showed that uncertainty increased perceptions of refugees as a threat (acting on its emotional component, i.e., anxiety), but also feelings of compassion, which is a main driver of solidarity. Moreover, compassion seemed to reduce the (perceived) threat posed by refugees on an economic, cultural, security, or political level. The pattern of relationships tested in the model proved to be stable across different areas of the country and for the first 6 months of the Russian invasion, suggesting that the empathic concern generated by the suffering of the Ukrainian population under attack did not significantly diminish its effects over the period considered. (shrink)

Nella seconda metà del Novecento la conoscenza dell'etica anglosassone in Italia è stata alquanto parziale. Si pensava che il mondo dell'etica di lingua inglese fosse stato dominato nel Novecento dallo scientismo neopositivista o pragmatista che non riusciva a concepire l'etica se non nella forma tecnicizzata dell'analisi del linguaggio o metaetica. In questo modo si è ignorata tutta una ripresa dell'etica normativa, in particolare di Kant e di Aristotele, o la ripresa del diritto naturale che ha tra i suoi principali riferimenti (...) storici il pensiero di Tommaso d'Aquino intorno alla legge. Questo volume presenta un quadro della filosofia pratica anglosassone degli ultimi cinquant'anni. (shrink)

The 'Enciclopedia Filosofica' is an encyclopaedia of philosophical topics promoted by the Centre for Philosophical Studies of Gallarate and published, in its third and last edition in 2006, by the Bompiani publishing house in Milan. The first edition of the 'Enciclopedia Filosofica' was promoted by the Centre for Philosophical Studies of Gallarate in the 1950s, seeing the light in 1957-58. A second edition, published by the Sansoni publishing house in Florence, was published in 1968-69 and reprinted in 1979. The third (...) and last edition, published by Bompiani in 2006, is intended to cover the whole of philosophical knowledge and related disciplines with over ten thousand entries edited by about a thousand academics, both Italian and non-Italian, and distributed in twelve volumes for a total of 12,496 pages. (shrink)

By reconstructing the eighteenth-century movement of the Italian Enlightenment, I show that Italy’s political fragmentation notwithstanding, there was a constant circulation of ideas, whether on philosophical, ethical, political, religious, social, economic or scientific questions—among different groups in various states. This exchange was made possible by the shared language of its leading illuministi— Cesare Beccaria, Ludovico Antonio Muratori, Francesco Maria Zanotti, Antonio Genovesi, Mario Pagano, Pietro Verri, Marco Antonio Vogli, and Giammaria Ortes—and resulted in four common traits. First, the absence of (...) a radical trend, such as the French materialist-atheist trend and British Deism, or religious reformation. Second, the rejection of inhumane laws and institutions, capital punishment, torture, war and slavery. Third, the idea of public happiness as the goal of good government and legislation. And fourth, the conception of the economy as a constellation where social capital, consisting of education, morality, and civility, plays a decisive role. I conclude that the Italian Enlightenment, not unlike the Scottish Enlightenment, was both cosmopolitan and local, which allowed its leading writers to develop a keen awareness of the complexity of society alongside a degree of prudence regarding the possibility and desirability of its modernization. (shrink)

This essay aims to demonstrate that the concepts of conflict and prophecy play a key role in the thought of Mario Tronti and Sergio Quinzio – even though they are interpreted in a different way. Tronti describes them as “extreme think- ing and careful acting”, remaining “within and against” the mainstream sociopolitical system. Quinzio, instead, interprets conflict and prophecy as spes contra spem, “hoping against hope” ; hence, he observes the present lucidly, remaining tenaciously faithful to the promise of the (...) Second Coming of Christ. Tronti, rethinking some fundamental aspects of the Quinzio’s reflections, connects clearly the Marxian conception of the world, on the one hand, with the theological-political one, and, on the other hand, with the messianic one; in this way, it reveals itself as a resource of meaning, from which even today we can draw. (shrink)

En 2011 el señor Mario Posada Ochoa donó a la Universidad EAFIT una extensa y poco conocida colección de arte; acaso unos cuantos amigos habrían visto de cerca las 480 obras que recibió la Universidad, de artistas como Segundo Angelvis, Inés Acevedo Bernal, Sergio Trujillo Magnenat, Luis A. Rengifo y Ramón Vásquez, entre otros. Algunas de ellas carecían de la firma del autor o de un dato que comprobara la autoría, y estaban deterioradas, más que por el tiempo, por el (...) improvisado bodegaje: don Mario las había guardado durante cuarenta años en su hermosa casa de Maracaibo, en el centro de la ciudad. En Extensión Cultural de EAFIT han procurado, desde entonces, conservar este legado. (shrink)

We propose a semantics for a connexive conditional based on the Lewis-Stalnaker conditional. It is a connexive semantics that is both classical and intuitive.

Let M be an o-minimal expansion of a real closed field. Let G be a definably compact definably connected abelian n-dimensional group definable in M. We show the following: the o-minimal fundamental group of G is isomorphic to ℤn; for each k>0, the k-torsion subgroup of G is isomorphic to n, and the o-minimal cohomology algebra over ℚ of G is isomorphic to the exterior algebra over ℚ with n generators of degree one.

One of the open questions in Bayesian epistemology is how to rationally learn from indicative conditionals (Douven, 2016). Eva et al. (Mind 129(514):461–508, 2020) propose a strategy to resolve this question. They claim that their strategy provides a “uniquely rational response to any given learning scenario”. We show that their updating strategy is neither very general nor always rational. Even worse, we generalize their strategy and show that it still fails. Bad news for the Bayesians.

Building on the original formulation of the autopoietic theory (AT), extended enactivism argues that living beings are autopoietic systems that extend beyond the spatial boundaries of the organism. In this article, we argue that extended enactivism, despite having some basis in AT’s original formulation, mistakes AT’s definition of living beings as autopoietic entities. We offer, as a reply to this interpretation, a more embodied reformulation of autopoiesis, which we think is necessary to counterbalance the (excessively) disembodied spirit of AT’s original (...) formulation. The article aims to clarify and correct what we take to be a misinterpretation of AT as a research program. AT, contrary to what some enactivists seem to believe, did not (and does not) intend to motivate an extended conception of living beings. AT’s primary purpose, we argue, was (and is) to provide a universal individuation criterion for living beings, these understood as discrete bodies that are embedded in, but not constituted by, the environment that surrounds them. However, by giving a more explicitly embodied definition of living beings, AT can rectify and accommodate, so we argue, the enactive extended interpretation of autopoiesis, showing that although living beings do not extend beyond their boundaries as autopoietic unities, they do form part, in normal conditions, of broader autopoietic systems that include the environment. (shrink)

A Neuroscientist Offers Evidence of Where the Brain Ends and Consciousness Begins.

This paper is dedicated to extending and adapting to modal logic the approach of fractional semantics to classical logic. This is a multi-valued semantics governed by pure proof-theoretic considerations, whose truth-values are the rational numbers in the closed interval $[0,1]$. Focusing on the modal logic K, the proposed methodology relies on three key components: bilateral sequent calculus, invertibility of the logical rules, and stability (proof-invariance). We show that our semantic analysis of K affords an informational refinement with respect to the (...) standard Kripkean semantics (a new proof of Dugundji’s theorem is a case in point) and it raises the prospect of a proof-theoretic semantics for modal logic. (shrink)

The following study draws evidence from the fragmentary treatises of Philodemus of Gadara in order to explore the moral content of Satires 1.1 with respect to wealth administration. I provide a reading of this poem that underscores Horace's effective synthesis of Greek thought and Roman culture, which is made possible by the influence of contemporary philosophical treatments that were tailored to fit the concerns of wealthy Romans. Furthermore, I offer an alternative to the many references previous scholars have made to (...) Aristotle and the Cynics by elucidating Horace's economic message, which, being totally consistent with the details of Philodemus' economic concerns, is in many ways more Epicurean than anything else. (shrink)