O presente artigo se propõe a verificar se é possível derivar uma teoria da justiça no pensamento de Axel Honneth. Para isso a pergunta que norteia o texto é: como fundamentar normativa e socialmente uma teoria da justiça no pensamento de Axel Honneth? A tese a ser defendida é que é possível derivar uma teoria da experiência da injustiça no pensamento de Honneth, pois seu desenvolvimento teórico nos permite identificar experiências de não reconhecimento que levam ao desenvolvimento de lutas sociais. (...) Para tanto, pretendemos mostrar como existe uma insuficiência normativa na teoria do filósofo aqui analisado. Para dar conta desse objetivo nos propomos a seguir o seguinte caminho: iniciaremos fazendo uma breve retomada do percurso argumentativo de Honneth, em seguida vamos analisar os encaminhamentos normativos propostos pelo filósofo, para no terceiro momento pensar sobre a justiça como uma grandeza relacional, nesse momento trazendo a teoria de Rainer Forst para a discussão. No quarto momento nos propomos a pensar qual o papel do direito no pensamento honnethiano. Finalizaremos com a apresentação das nossas considerações finais propondo que Honneth desenvolve uma teoria das experiências de injustiça. (shrink)

Avaliar o papel do ensino da Filosofia no Ensino Médio Brasileiro requer a contextualização do problema e uma retomada de sua história, se fazendo necessário retratarmos sua historicidade e também seus avanços e retrocessos, pois a educação brasileira no decorrer dos anos perpassou por diversas reformas, porém estas, elaboradas para atender as necessidades de cada período. Propomos então uma reconstrução da inserção do ensino de Filosofia no Ensino Médio nacional, entendendo que este ciclo formativo é sucedido de imediato pelo momento (...) da assunção da maioridade social. Nesse sentido, buscamos paralelos com a filosofia kantiana no que se refere a maioridade e esclarecimento. (shrink)

O presente texto se propõe a fazer um exame de três obras de Franz Kafka, A metamorfose (2019), O processo (1997) e O Veredito (2019). O texto apresenta duas seções, a primeira será dedicada a uma reflexão de cunho antropológico e até mesmo existencial no sentido de analisar as dificuldades que o ser humano enfrenta ao tentar compreender sua existência. A segunda parte se propõe a estabelecer reflexões mais genéricas sobre como a organização ético-política pode estar na causa dos problemas (...) individuais. Em outras palavras, a pergunta que norteará a segunda parte é: a alienação infringida pela sociedade aos indivíduos impede-os de desenvolver uma vida emancipada? A partir dessas duas partes pretendo mostrar o alcance ético derivado das obras de Kafka. (shrink)

O presente estudo analisa o conceito tayloriano de bens irredutivelmente sociais. Além disso, visa avaliar a possibilidade da existência de bens intrinsecamente sociais, ou se todos os bens, em última análise, devem ser compreendidos apenas como bens originariamente formulados enquanto bens individuais. Caso existam bens intrinsecamente sociais, que consequências podem ser derivadas no que tange à discussão em torno dos direitos coletivos? O tratamento destas questões é levado à cabo no artigo Bens irredutivelmente sociais, de Charles Taylor, onde o filósofo (...) canadense afirma que existem bens convergentes e bens irredutivelmente sociais. Os convergentes seriam aqueles que podem ser decompostos em bens individuais, ou seja, são aqueles que somente indivíduos podem acessar; por outro lado, bens irredutivelmente sociais são aqueles partilhados por um grupo humano ou que possuam um significado comum concedido por um pano de fundo, o que impede que sejam decompostos primariamente em bens individuais. Após essa análise, nos propomos a apresentar as consequências teóricas que podem ser derivadas da defesa de bens sociais. (shrink)

O trabalho se propõe a analisar em que medida a fusão de horizontes desenvolvida por Charles Taylor pode abrir espaço para uma universalização de princípios normativos nos debates multiculturais. Nas sociedades contemporâneas se impõe a discussão em torno do multiculturalismo e, consequentemente, de que forma seria possível reconhecer as mais diversas culturas sem abrir mão de princípios normativos que serviriam como critério de avaliação das próprias práticas culturais. Uma resposta possível apresentada por Taylor afirma que uma verdadeira fusão de horizontes (...) permitiria uma compreensão adequada entre as culturas possibilitando que houvesse reconhecimento mútuo, além do estabelecimento de princípios mínimos aceitos e respeitados por todos os membros do processo de fusão. O grande questionamento que emerge nesse ínterim é: como garantir que, de fato, ocorra uma fusão de horizontes? Nesse sentido, quais as condições de possibilidade para que todas as culturas efetivamente alcancem uma compreensão mútua? Caminhamos na direção de defender que a fusão de horizontes é dependente de uma série de condições ideais que dificilmente poderão se efetivar. (shrink)

O objetivo do presente trabalho é analisar, a partir do filósofo canadense Will Kymlicka, a possibilidade da atribuição de direitos coletivos a minorias culturais. Nesse sentido, a discussão se enquadra no interior de um dos temas mais relevantes em filosofia política contemporânea, a saber, o multiculturalismo. Por isso, é fundamental apresentar em que termos o multiculturalismo é compreendido no presente texto. Como a referência central é Kymlicka, o conceito de multiculturalismo aqui apresentado terá no filósofo canadense seu grande ponto de (...) orientação. O passo seguinte à apresentação do multiculturalismo é entender porque é importante pensar acerca da possibilidade de atribuição ou não de direitos coletivos. É preciso, pois, lembrar que o multiculturalismo está preocupado com o reconhecimento das mais diversas manifestações culturais, obviamente que direcionado às minorias culturais que se encontram em constate ameaça. Em razão das grandes dúvidas que pairam sobre o conceito de direitos coletivos é que Kymlicka prefere “direitos diferenciados em função de grupo”. O texto apresenta as razões dessa nomenclatura adotada pelo filósofo e questiona se a nova conceituação põe fim às incompreensões geradas pelo conceito tradicional. Portanto, o texto apresenta e problematiza a importante contribuição de Kymlicka no que diz respeito ao multiculturalismo, além de verificar a possibilidade de atribuir direitos coletivos ou direitos diferenciados em função de grupo. (shrink)

O objetivo do presente artigo é compreender a cultura da autenticidade, termo utilizado por Charles Taylor ao se referir à modernidade. A assim chamada cultura da autenticidade gerou três mal-estares ainda fortemente presentes na sociedade contemporânea, são eles: a primazia da razão instrumental, o individualismo exacerbado e o atomismo político. Apresentaremos o surgimento de tais mal-estares e buscaremos compreender porque se tornaram tão fortemente presentes na sociedade moderna, nesse sentido, nosso intuito é elucidar as influências da cultura da autenticidade no (...) período contemporâneo. Nessa perspectiva ainda não ultrapassamos a modernidade, visto que ainda vivemos sob a influência de seus ideais, esse se configura como nosso principal objetivo nesse texto. (shrink)

The text intends to make an evaluation of the possible normative answers in Honneth’s theory of recognition. I identify three major answers in Honneth’s works: a first is teleological, a second is anthropologic ant the third is anchored in formal ethics. I want to show the insufficiency of the first two answers because they are based on contingent elements and strong dependent on particular contexts. The third answer presents more complete elements for the development of a normative theory, or also (...) a theory of justice. Honneth’s decisive point is the search for a balance between normative and immanent elements, with normative reconstruction as method. What I want to show is that Honneth’s criteria, namely gain of individuation and socialization, need a moral grounding that can be provided by the criterion of equality or equal respect for individual autonomy. This development is presented by Honneth himself, so I want only to identify and problematize the responses of German philosopher. The investigation developed here is directed towards thinking Honneth’s theory as critical without failing to value morality. Keywords: Normativity. Recognition. Axel Honneth. (shrink)

O presente trabalho tem por objetivo analisar as teorias de Charles Taylor e Will Kymlicka no que tange ao multiculturalismo, especialmente quando estiverem em questão sociedades liberais e democráticas. Pretendemos refletir acerca da dicotomia entre liberais e comunitaristas mostrando como, em alguns aspectos, as vertentes teóricas em questão podem ser aproximadas. Isso nos permitirá oferecer respostas mais consistentes aos problemas multiculturais que podem ser resumidos da seguinte forma: na difícil conciliação entre reconhecimento das particularidades culturais e o desenvolvimento de elementos (...) normativos capazes de avaliar as mais diversas práticas culturais. Dessa maneira vamos nos perguntar: como equilibrar o reconhecimento daquelas práticas e valores mais fundamentais para uma determinada cultura com princípios válidos universalmente? O artigo se propõe a apresentar uma possível saída para pensar esse problema através de três encaminhamentos teóricos: a) uma maior valorização do contexto de escolha; b) além da defesa de um liberalismo brando; e, por fim, c) de uma nova compreensão da neutralidade estatal. (shrink)

A distinta experiência de ocupar e ser um lugar na história da humanidade pode simbolizar, ao mesmo tempo, força e fraqueza de quem vivencia esse fenômeno. Contudo, quem consegue esse feito, conquista a condição de reencontrar-se em diferentes tempos históricos, rever sua essência e avaliar sua existência. Este é o caso da filosofia. Ao longo da história, ela tanto ocupou um lugar, como também foi esse lugar. E hoje, qual é o lugar da filosofia? É em torno dessa questão que (...) emergem as principais reflexões que dão vida a esse trabalho. Fundamentando-se em conceitos e ideias dos filósofos Pierre Hadot, Walter Benjamin e Giorgio Agamben, o presente artigo propõe um debate sobre o lugar da filosofia na contemporaneidade, tentando entender se esse lugar realmente existe, e quem nele pode morar. (shrink)

This article is the result of a bibliographic and hermeneutic investigation. In the light of Hannah Arendt's thought, the writing thematizes the representativeness of the conception of human plurality present in the reflections of Socrates and Plato. First, it investigates how the conception of plurality is present in the thought of Socrates, considered by Arendt, a political philosopher par excellence and the one who established plurality as the law of the Earth. Therefore, the conception of plurality manifested in Plato's reflections (...) is analyzed and, mainly, some of the consequences resulting from Socrates' condemnation and death. We consider this confrontation essential to recover and/or point out the importance of plurality in spaces of social participation, accomplishing with others what certainly could not be done alone and/or isolated. Plurality is, therefore, composed of singularities, and the fact that we are together with other singular beings is what impels us to communicate with each other. (shrink)

Some theorists who accept the existence of global justice duties to alleviate the condition of distant needy strangers hold that these duties are significantly constrained by special ties to fellow countrymen. The patriotic priority thesis holds that morality requires the members of each nation-state to give priority to helping needy fellow compatriots over more needy distant strangers. Three arguments for constraint and patriotic priority are examined in this essay: an argument from fair play, one from coercion, another from coercion and (...) autonomy. Under scrutiny, none of these arguments qualifies as successful. (shrink)

Motivation to Permissibility 780 III. The Deception Accounts of Wrongful Discrimination 783 IV. Discrimination from Animus and Prejudice 787 V. An Objection 789 VI. Innocent Discrimination 790 VII. Disparate Impact 793 VIII. Suspect Classifications 795..

This chapter contains sections titled: The Ideal of Democracy In Favor of Instrumentalism The Instrumentalist Case against Democracy Democracy and Mutual Respect Rights, Disagreement, and Democracy Political Liberalism The Ideal of Democratic Equality Conclusion Notes.

This essay describes modern American legal pragmatism. Its origins in pragmatist philosophy are traced, and it is compared with the law and economics movement in American law and the formalist style of Continental legal theory. The essay argues that the inevitability of legal pragmatism in America, and its dispensability in Europe, reflect fundamental institutional and cultural differences rather than mere accidents of history or legal thought.

In a recent paper in Psychological Science, Kouider and Dupoux reported obtaining unconscious Stroop priming only when subjects had partial awareness of the masked distractor words . Kouider and Dupoux conjectured that semantic priming occurs only when such partial awareness is present. The present experiments tested this conjecture in an affective categorization priming task that differed from Kouider and Dupoux’s in using masked distractors that subjects had practiced earlier as visible words. Experiment 1 showed priming from practiced words when subjects (...) had no partial awareness of those words. Experiment 2 showed that, in the absence of partial awareness, practiced words yielded priming but not-practiced words did not. Experiment 3 corroborated Experiment 1 and 2s results using a different test of partial awareness. These results suggest that unconscious processing of subword elements drives masked semantic priming by practiced words. (shrink)

This chapter contains sections titled: Works cited Additional recommended readings.

Adorno unquestionably loved opera music as much as he hated opera as a cultural institution. His take on opera in the twentieth century led him to write its socio‐political obituary, while recognizing at the same time that opera continued to attract a steady stream of would‐be onlooker‐auditors. Paradoxically for Adorno, opera continued to appeal to audiences, and – from his dialectical reckoning – characteristically for precisely the wrong reasons. His opera analyses address the sociology of musical theater, performance hermeneutics, and (...) the direct consideration of music itself (though given his typical writing mode this writing is perhaps best characterized as criticism rather than analysis, as the latter term is commonly employed within musicology). Adorno's interests principally revolve around modern opera (Schoenberg, Berg, Strauss, Weill, especially) but also, if to a lesser extent, canonic works from Mozart to Verdi. Wagner, Wagnerian music drama, and cultural Wagnerism more generally were special cases for Adorno, and subjects he returned to repeatedly throughout his adult life, coinciding with the rise and fall of National Socialism and the Wagner cult, which in the 1930s and 1940s war years comfortably accommodated fascist proclivities. Adorno recognized the socio‐cultural agency of opera as a still‐prestigious cultural leftover of nineteenth‐century bourgeois triumphalism, which he vigorously opposed. In its place, he labored to promote what he regarded as a more socially responsible musico‐operatic practice to supplant the aesthetic and social complacency of the established order, ideas that after his death have found considerable currency, nowhere more evident than in late‐modern opera productions throughout the world. (shrink)

Critics charge that retributivists fail to show why the state should concern itself with ensuring that criminal offenders are punished in accordance with their ill deserts. Drawing on the notion that the state should attempt to equalize the realization of the interests designated by rights, it is argued that legal punishment restores the equality of condition, disrupted by criminal conduct, that all citizens are entitled to. While this equality of condition might be restored in various ways, it is argued that (...) the imposition of punitive losses is the most appropriate way to restore it in most cases. An account of the ill deserts of offenders, as a function of the harms their crimes produce and the extent of their culpability for those harms, is briefly elaborated. (shrink)

In ‘The Authorship of Sister Peg', David Raynor relies on circumstantial evidence, unsubstantiated hypotheses, and subjective analysis in an effort to dispute my article ‘Let Margaret Sleep' and claim the authorship of Sister Peg for David Hume. This reply focusses instead on the large body of documentary and testimonial evidence that has surfaced during the past forty years, which overwhelmingly and convincingly supports the attribution of Sister Peg to Adam Ferguson. New documentary evidence includes Ferguson's emendations in Sir Walter Scott's (...) copy of Sister Peg, an 1809 letter from Ferguson to Alexander Fraser Tytler and Tytler's response to it, and information about the early publishing history of the work – as well as a letter by Hume himself about his preoccupation with another project when Sister Peg was written. While no new contemporary testimonials alleging Hume's authorship have been discovered since the publication of Raynor's edition of Sister Peg in 1982, at least nine contemporary testimonials naming Ferguson as the author are now known. This reply refutes Raynor's attempts to discredit the most famous of these testimonials – the account of Ferguson's authorship in the memoirs of Alexander Carlyle – and shows that the others cannot be reduced to Carlyle’s influence. (shrink)

The Copernican revolution of the 1500s and 1600s was in large part due to new theories and discoveries, which indicated that the general view of the universe – the more or less Aristotelian, teleological view – was no longer viable. This revolution eventually resulted in a substantially different view on the sort of universe we inhabit. New discoveries in recent years, involving Bell’s theorem, quantum theory, and the outcome of carefully designed and replicated experiments, strongly suggest that the general view (...) of the universe we have had since the Copernican revolution is no longer viable. The main goals of this paper are (i) to present Bell’s theorem and the results of these recent experiments in a way accessible to a non-technical audience, and (ii) to explore the question of whether these new discoveries place us in a similar situation to that of our predecessors in the early years of the 1600s, or roughly, whether we are in the beginning stages of a modern Copernican revolution. (shrink)

In the last decade there has been a pragmatic turn in the work of those doing Christian ethics, especially as represented by the work of Jeffrey Stout and Franklin Gamwell. The pragmatic turn represents a critique of the highly influential work of Stanley Hauerwas and Alasdair MacIntyre, which argues for a strongly intra-church ethics. The pragmatists are correct in arguing that Christian ethics must engage the public sphere. However, I argue that they are deeply mistaken in their claim that this (...) engagement must rest on a weak or non-existent theology. I show that the claim that robust theology adds nothing to ethics, and that we can get along without it, is unsustainable. (shrink)

This paper is about difficulties in the normative justification of an unconditional basic income-difficulties which are related to the scope of egalitarian justice as well as the dimension(s) of the equalisandum. More specifically, it is contended that Philippe Van Parijs’s justification derived from the principle of Maximin real freedom runs into problems in environments in which scarcity does not offer a conceptual basis for a satisfactory account of social interdependencies. We discuss the following cases: (i) Scarcity is seen as a (...) general equilibrium phenomenon in a dynamic environment. (ii) Social forces of production (particularly non-rival and only partially excludable inputs) play a role in creating wealth. (iii) Informal exclusion mechanisms and patterns of ‘local justice’ matter. (iv) Certain forms of heterogeneity play a role. (shrink)

Problems of Rationality is divided into three parts. The first four essays defend the claim that judgments of value are objectively true. The next six expound what Davidson called "a unified theory of thought, meaning, and action". The last four discuss the problems that weakness of will and self-deception raise for Davidson's claim that ascription of intention and belief is possible only if we assume the agent's rationality. I shall discuss the three parts in sequence.

Pogge's proposal of a,global resource dividend' (GRD) is intendend to compensate the poor, commodity-exporting countries of the developing world for terms of trade losses and unequal exchange in trade with the industrialized North. It can be shown that it is unlikely that Pogge’s GRD will be successful. On the one side, increased financial flows from the GRD funds may seriously inhibit the structural transformaton of an underdeveloped economy, whereas on the other side the internal distribution problem associated with GRD payments (...) is not resolved. (shrink)